Os meus sentimentos reflectem-se neste testemunho:
Paula Ferreira
Todos nós temos na vida familiares, amigos, companheiros que
estão ali para partilhar connosco os momentos mais felizes da nossa vida, e
alguns tristes também.
Num aniversário, partilhamos mais um ano de vida, com votos de
muitas felicidades. Na entrada de um ano novo, partilhamos o desejo de paz,
amor, saúde e um mundo melhor para todos. Quando nos casamos, partilhamos esse
momento com todos os que acreditam no nosso amor e que seremos felizes para
sempre. Quando ficamos grávidas partilhamos a extrema felicidade do milagre da
vida.
Quando um filho tão desejado chega e nos deparamos com a dura
realidade de que ele é diferente, partilhamos a realidade dos factos sozinhos.
Não se consegue encontrar ninguém com quem partilhar o abismo
que está à nossa frente…, a dor que se sente…, as dúvidas que se tem…, o peso
do mundo que caiu em cima de nós…Não conseguimos encontrar ninguém que nos
ajude a sair daquelas areias movediças que é a incerteza do futuro, que nos
ajude a abrir portas ou que nos dê o ombro amigo para chorar, quando as portas
se fecham.
Quando me inscrevi no Pais em Rede, de imediato fui contactada
por alguém que estava interessada em saber mais pormenores da minha história.
Logo no primeiro encontro, percebi que estava a falar com alguém que percebia a
minha linguagem.
Pela primeira vez, falei com alguém que compreendia o que eu
dizia, que sentia aquilo que eu sentia, que já chorou aquilo que eu chorei, e o
mais importante de tudo, mostrou-se interessada em ajudar no que pudesse,
fazendo-me ver que agora já não estava mais sozinha.
A sociedade em que vivemos não está preparada para receber os
nossos filhos, porque eles são muito, mas muito especiais, e a sensação que eu
tinha era de que travava uma batalha completamente sozinha, contra essa
sociedade cheia de preconceitos, barreiras e portas que se fecham a todos os
que são diferentes.
Agora, com o Pais em Rede sei que existe alguém a lutar ao meu
lado, e mesmo que não dê frutos imediatos, só de saber que do outro lado da
linha está alguém que vai tomar um café comigo e me vai ouvir, compreender, e
dar o ombro para eu chorar, já valeu a pena.
Paula Ferreira, mãe de uma menina linda com ENCEFALOPATIA EPILÉPTICA
MIOCLÕNICA PRECOCE DO LACTENTE SINDROME DE OHTAHARA
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